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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

O Cânone Ocidental

"Se se venera o deus compósito do processo histórico, então está-se condenado a ter de negar a Shakespeare a sua palpável supremacia estética, a qual constitui a originalidade escandalosa das suas peças. Originalidade torna-se um equivalente literário de termos como iniciativa individual, autoconfiança, competição, os quais não alegram os corações feministas, afrocentristas, marxistas, novo-historicistas de inspiração foucaultiana, ou deconstrutores - enfim, de todos aqueles que eu classifiquei como membros da Escola do Ressentimento."

Harold Bloom

O Cânone Ocidental

"O valor estético surge a partir da memória, e por isso (como Nietzsche viu) da dor, a dor de renunciar aos prazeres mais fáceis a favor de outros muito mais difíceis."

Harold Bloom

O Cânone Ocidental

"Acredito muito convictamente que se formos ler o Cânone Ocidental para formar os nossos valores sociais, políticos ou pessoais, transformar-nos-emos em monstros de egoísmo e de exploração. Ler ao serviço de qualquer ideologia não é, em minha opinião, ler. A recepção do poder estético torna-nos capazes de aprender a falar com nós mesmos e a suportarmos a nós mesmos. O uso autêntico que devemos fazer de Shakespeare, ou de Cervantes, de Homero ou de Dante, de Chaucer ou de Rabelais, é aquele que nos leva a extrair o Eu mais interior de cada um. Ler o Cânone em profundidade não fará de alguém uma pessoa melhor ou pior, um cidadão mais útil ou mais nocivo. O diálogo que a mente mantém consigo mesma não é essencialmente uma realidade social. Tudo aquilo que o Cânone Ocidental pode trazer a alguém é a própria solidão desse alguém, aquela solidão cuja forma final é o confronto de cada um com a sua própria mortalidade."

Harold Bloom

O Cânone Ocidental

"(...) força estética (...): domínio da linguagem figurativa, originalidade, poder cognitivo, saber, exuberância de dicção."

Harold Bloom

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

O Cânone Ocidental

"Até mesmo aqui sou levado a defender Alceste, dos críticos moralistas, os quais o associam a Dom Juan porque tanto Alceste como o Dom se intitulam a si mesmos juízes absolutos em todos os domínios, incluindo o erótico. Por vezes desconfio que os críticos modernos de Molière o misturam com Racine, o que é tão estranho quanto seria fundir Montaigne com Pascal. É assim que Martin Turnell, em O Momento Clássico, assimila Molière à sua época, que se transforma na época de Racine, e logo depois O Misantropo aparece como uma peça cujo protagonista se encontra num estado de histeria permanente. Escutamos o derradeiro abaixamento de nível da crítica moralista quando Turnell resmunga que «é em vão que desejamos que a ordem seja restabelecida, e que um bufão corrigido seja trazido de volta à norma do equilíbrio mental». Mas «que norma»?, explodiria Alceste, e qualquer espectador no seu perfeito juízo seria obrigado a concordar com ele. A grandeza de O Misantropo desapareceria completamente se a sociedade fosse mentalmente equilibrada e se só Alceste fosse mentalmente perturbado.»

Harold Bloom