"Os homens que têm a mania das mulheres dividem-se facilmente em duas categorias. Uns procuram em todas as mulheres a ideia que eles próprios têm da mulher tal como ela lhes aparece em sonhos, o que é algo de subjectivo e sempre igual. Aos outros, move-os o desejo de se apoderarem da infinita diversidade do mundo feminino objectivo.
A obsessão dos primeiro é uma obsessão lírica; o que procuram nas mulheres não é senão eles próprios, não é senão o seu próprio ideal, mas, ao fim e ao cabo, apanham sempre uma grande desilusão, porque, como sabemos, o ideal é precisamente o que nunca se encontra. Como a desilusão que os faz andar de mulher em mulher dá, ao mesmo tempo, uma espécie de desculpa melodramática à sua inconstância, não poucos corações sensíveis acham comovente a sua perseverante poligamia.
A outra obsessão é uma obsessão épica e as mulheres não vêm nela nada de comovente: como o homem não projecta nas mulheres um ideal subjectivo, tudo tem interesse e nada pode desiludi-lo. E esta impossibilidade de desilusão encerra em si algo de escandaloso. Aos olhos do mundo, a obsessão do femeeiro épico não tem remissão (porque não é resgatada pela desilusão).
Como o femeeiro lírico gosta quase sempre do mesmo tipo de mulheres, quase nem se repara quando tem uma amante nova; os amigos causam-lhe sérios embaraços porque nunca vêem que a sua companheira já não é a mesma e tratam as suas amantes sempre pelo mesmo nome.
Na sua caça ao conhecimento, os femeeiros épicos (e é evidentemente a esta categoria que Tomas pertence) afastam-se cada vez mais da beleza feminina convencional (de que depressa se cansam) e acabam infalivelmente como coleccionadores de curiosidades. Têm consciência de tal coisa, envergonham-se um pouco dela e, para não incomodar os amigos, nunca aparecem em público com as amantes."
Milan Kundera
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quinta-feira, 28 de janeiro de 2016
Conversas com Woody Allen
"O Grande Conquistador foi escrito na altura em que a Louise e eu nos separámos. Quando começámos os ensaios, ela tinha acabado de sair de casa. A história do filme nunca aconteceu na vida real. No entanto, eu tinha amigos casados que me diziam «Oh, nós conhecemos uma boa rapariga para ti». Ou, então, convidavam-me para uma festa e apresentavam-me alguma rapariga. Essas noites eram sempre constrangedoras, porque essas coisas são sempre constrangedoras, e acabava várias vezes por fazer figura de parvo. Então, notei que com as mulheres dos meus amigos, em relação às quais nunca na vida teria intenções românticas, conseguia ser eu próprio e agir de forma natural e elas pareciam gostar muito mais da minha companhia do que as mulheres que eu me esforçava por impressionar. Foi isso que me deu a ideia para o filme. Quando estamos com estranhos, esforçamo-nos sempre por agradar, mas juntos dos amigos estamos completamente à vontade porque nem sequer nos preocupamos com isso. São eles que nos vêm realmente como somos. Já os outros vêem-nos como um pobre desgraçado ou como uma personagem completamente ridícula."
Woody Allen
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